reserva indígena
O indivíduo só é indígena de fato enquanto silvícola. Ele não é o dono da floresta, ele é parte integrante dela; a floresta é uma extensão dele, e ele uma extensão dela. Cada tribo é uma cultura diferente, uma forma de viver a ser preservada.
Aculturar o indígena tem como consequência tirar dele, progressivamente, o sentimento de ser parte da natureza e de respeito por ela. Isso faz com que ele vá perdendo a sua identidade, e quanto mais cedo se inicia o processo e/ou mais fundo se vai, maior é a perda.
A
criação de reservas indígenas dá continuidade
ao aculturamento e desperta a noção de propriedade. Com o
aculturamento vem a mudança de valores e o indígena
passa a ver a natureza como um meio para se obter riquezas. Cria-se
assim um círculo vicioso, onde os interessados em explorar a
natureza buscam despertar no indígena o desejo de
ter coisas que só possam ser adquiridas mediante o uso do
dinheiro, ou seja, eles buscam induzí-los a comercializar os
recursos naturais da reserva. E, assim, o índio é
colonizado tomando contato com os piores valores, os mais danosos
para a sua cultura e para a natureza.
Proteger o silvícola é o mesmo que proteger a floresta. Uma reserva
florestal protege a ambos, sem os efeitos colaterais do aculturamento.
Uma vez aculturados, é preciso dar a eles
condições de sobrevivência com dignidade segundo as regras da nova
cultura, e não direitos sobre a floresta, que é
indispensável para a preservação da vida no
planeta, que é um patrimônio de todos os seres vivos.