referências e modelos
O homem vê o mundo a partir de si, mas se vê a partir do outro. A forma como ele vê e sente o mundo é função de quem ele é, do que ele deseja e do contexto; e se não houvesse outras pessoas para servirem como modelos e referências, o seu desenvolvimento seria diminuto - ele, caso sobrevivesse, provavelmente sequer aprenderia a andar. A pessoa precisa de modelos e referências para orientar e avaliar o seu desenvolvimento e a sua evolução.
As referências são fontes primárias de motivos/razões para a autoestima; os modelos são fontes secundárias. É no relacionamento com suas referências que, em função da identificação recíproca, a pessoa obtém parâmetros reais para orientar o seu desenvolvimento e a sua autoavaliação. A relação com um modelo, quando existe, não são boas fontes de motivos, pois as diferenças entre as partes dificultam/impossibilitam o conhecimento/compreensão.
Da interação com a referência, a pessoa obtém a visão do outro sobre ambos e sobre a REALIDADE. Dela resulta um saldo positivo para ambos: maior conhecimento do outro, de si e da realidade; maior compreensão do outro, de si e da realidade; maior aceitação do outro, de si e da realidade. Na interação a pessoa busca conhecer o outro e saber como ele vivencia a realidade, e saber como ele se compreende e se aceita; se mostra, se abre para o outro e busca conhecer a sua opinião sobre si. E vice-versa. E se compara, e se analisa, e analisa o outro. E ambos passam a se conhecer, compreender e aceitar melhor, a si e ao outro e à realidade, em função desta interação. Quanto melhor a referência (mais semelhante), mais útil ela será no processo de orientação e avaliação.
A pessoa
busca conhecer/compreender o outro com
o objetivo de
conhecer/compreender a si e à realidade através desta interação.
O seu interesse pelo outro está limitado pelo seu interesse em
si mesmo; o outro é um meio para se atingir um fim: o
conhecimento/compreensão de si mesmo e da realidade. Adicionalmente, embora ela
busque conhecer/compreender o outro, é a si que ela
tem condições de conhecer/compreender melhor, pois,
como cada pessoa
é única e vê o outro a partir de si, ela
nunca poderá conhecer/compreender o outro melhor do que a si
mesma.
Portanto, é a si que a pessoa vai aceitar primeiro e melhor. O
foco no conhecimento/compreensão/aceitação do
outro só ocorre quando o objetivo é a
satisfação da necessidade de Amar, pois nesta
situação o seu interesse pelo outro não
está limitado pelo seu interesse em si mesmo, pelo
contrário, vai ao encontro dele. Entretanto, quem
não se
ama nunca tem a satisfação da
necessidade de Amar o outro como objetivo; o foco permanece na
necessidade de Ter ou na de Ser e a satisfação da
necessidade de Amar ocorre de forma secundária, insuficiente e
inconsistente, geralmente como reflexo da busca da satisfação das
outras necessidades. Verifica-se, portanto, que apenas a pessoa
que se conhece, compreende e aceita está plenamente apta a ter
como foco o conhecimento, a compreensão e a
aceitação do outro.