perfeição e realidade



Por ter sido criado para evoluir, o ser humano tende a buscar a perfeição, o ideal. Contudo, não se deve esquecer nunca que essa busca sempre estará limitada pela realidade.

Nos poderes executivo, legislativo e judiciário - especialmente nos dois últimos - persiste uma tendência à tomada de decisões tendo em vista apenas a perfeição, e desconsiderando a realidade. Nos debates, discursos e/ou justificativas, quem defende a perfeição se agiganta, pois é fácil e envolvente a defesa do ideal. Pelo outro lado, aqueles que se atrevem a defender a realidade se sentem diminuídos, se apequenam e não o fazem com a convicção necessária - agem como se pedissem desculpas ou se sentissem culpados por não poderem adequar a realidade ao ideal.

Para o ser humano, a perfeição sempre será uma direção, e nunca uma meta. Adicionalmente, a evolução rumo a ela só ocorre passo-a-passo. Desejar a perfeição é querer o impossível. Quem por princípio, busca o ideal, morre abraçado com o fracasso; e o mesmo acontece com quem o desconsiderar, pois estará levando o povo para a direção errada. Ambos causam prejuízo a ele: causam confusão, geram sentimento de injustiça e/ou desperdiçam os recursos do Erário.

O bom senso requer a compatibilização do ideal com o real, da perfeição com a realidade. Está correto aquele que quer o ideal, mas na medida do possível, e para todos. Está correto aquele que, em harmonia com a realidade, facilita a caminhada do povo rumo à perfeição.