niilismo

O ser humano foi criado com necessidades, emoções e sensações que, a grosso modo, condicionam a vida. Automaticamente/inconscientemente ele busca satisfazer suas necessidades, busca o prazer e evita a dor, busca a alegria e evita a tristeza, e repete ações/reações que o fazem feliz e evita as que o deixam infeliz. Em suma, ele busca a vida e evita a morte. Portanto, ele não foi criado para viver de qualquer maneira, pois, inconscientemente, é induzido a viver de uma forma determinada, e a permanecer vivo apesar das dificuldades.

Ser racional é buscar viver da melhor forma possível face às circunstâncias. Se a vida fosse sem sentido e sem valor, como acredita o niilista, ser racional seria um castigo, pois teríamos a consciência do abismo em que estaríamos, mas nada poderíamos fazer; a moral seria a que nos fosse imposta e não haveria esperança; e a morte não se colocaria como opção, pois fomos criados para preservar a nossa vida. Só nos restaria viver e sofrer.

Isto posto, para viver a vida plenamente, restam duas opções viáveis:

  1. Reconhecer que a vida tem valor, apesar de não ter sentido, o que implica em amar a vida. Nesse caso, o princípio básico (ou crença) que norteia a busca é que a vida é um mistério insolúvel e que, portanto, não adianta procurar respostas para questões existenciais, pois, caso elas sejam obtidas, não serão expressão da verdade e, consequentemente, prejudicarão a busca. Em termos práticos, trata-se de aceitar que o mundo é perfeito e a vida é bela e de promover alterações nos pensamentos e sentimentos, até eliminar tudo aquilo que estiver provocando alterações na percepção da REALIDADE e, consequentemente, dificultando a vida. Nessa opção, nas escolhas, a emoção tende a prevalecer sobre a razão e, portanto, a pessoa é predominantemente reativa.
  2. Reconhecer que a vida tem valor e sentido. Nesse caso, além de amar a vida, o indivíduo acredita que ela caminha/evolui em uma direção. Ao identificar o sentido da vida, ele dá à razão o norte que lhe faltava para atuar no processo decisório de forma equilibrada com a emoção, o que dá ao ser humano a capacidade de ser proativo, de participar ativamente do processo evolutivo.

Reconhecer que a vida tem valor deveria ser algo natural no ser humano quando se considera que o amor é uma de suas emoções, especialmente o amor-de-si. Quanto ao sentido da vida, o que acontece ao longo dos tempos, guardadas as devidas proporções, é o mesmo que acontece durante uma existência do ser humano: da infância até a velhice o ser humano passa, em maior ou menor grau, por todas as fases evolutivas. O que não poderia ser diferente, pois, como o nosso destino é evoluir, já trazemos em nós as condições necessárias para que cada fase ocorra. Ser niilista, portanto, é morrer em vida.

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