Mlodinow e o estereótipo
No livro "Subliminar", o físico Leonard Mlodinow escreveu:
"....
a classificação é uma estratégia que nosso
cérebro usa para processar informações com mais
eficiência.
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Cada objeto ou
pessoa que encontramos no mundo é único, mas nos
não funcionaríamos muito bem se os percebêssemos
dessa maneira. Não temos tempo nem capacidade mental para
observar e considerar cada detalhe de todos os itens do nosso ambiente.
Por isso utilizamos alguns traços salientes que conseguimos
observar para situar o objeto em uma categoria; depois baseamos nossa
avaliação do objeto na categoria, e não no
próprio objeto. Ao mantermos um conjunto de categorias,
conseguimos acelerar nossas reações.
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Se concluirmos
que um conjunto de objetos pertence a um grupo, e um segundo conjunto
de objetos pertence a outro, podemos perceber os que estão
dentro do mesmo grupo como mais semelhantes do que na verdade
são – e os que estão em grupos diferentes como
menos semelhantes do que na verdade são. O mero posicionamento
de objetos em grupos pode afetar nosso julgamento desses objetos.
Portanto, embora a classificação seja um atalho crucial e
natural, como outros truques de sobrevivência do nosso
cérebro, ela também tem suas desvantagens... Isso vale em
especial quando nossa tendência a classificar afeta nossa
visão acerca de outros seres humanos – quando vemos os
médicos de uma dada especialidade, os advogados de um
escritório de advocacia, os fãs de certa equipe esportiva
ou as pessoas numa dada corrida ou grupo étnico como mais
diferentes do que realmente são.
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Gostamos de
pensar que julgamos as pessoas como indivíduos, e às
vezes tentamos de forma consciente avaliar os outros com base em suas
características específicas. Em geral conseguimos. Mas,
se não conhecemos bem uma pessoa, nossa mente pode procurar as
respostas em sua categoria social.
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O desafio
não é deixar de categorizar, mas como se tornar ciente de
quando fazemos isso e conseguir ver as pessoas individualmente, como
elas são.
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Podemos todos
lutar pessoalmente contra os vieses inconscientes, pois as pesquisas
têm demonstrado que nossa tendência a categorizar as
pessoas pode ser influenciada por nossos objetivos inconscientes. Se
estivermos cônscios de nossos vieses e motivados para
superá-los, conseguiremos fazer isso.
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Quanto mais
interagimos com outros indivíduos e nos expomos às suas
características particulares, mais munição nossa
mente tem para contra-atacar nossa tendência a estereotipar, pois
os traços que atribuímos às categorias são
produto não só das suposições da sociedade
como da nossa própria experiência."