sentimento
O
sentimento é a percepção e registro
pela mente da
emoção provocada por um determinado
estímulo. As
emoções são instantâneas -
vêm e
vão; restam apenas os seus efeitos sobre as
emoções futuras e os sentimentos.
A mente emocional capta muito rapidamente os fatos, mas não
se
atém a detalhes como a racional. Com a entrada em cena da
mente
racional inicia a fase consciente do processo, ou seja, termina a fase
da reação automática ao
estímulo e inicia a
fase da ação decorrente dos sentimentos e
pensamentos
despertados/provocados pela emoção e pelo
estímulo
que a provocou, mas os efeitos da emoção no corpo
ainda
perdura por um espaço de tempo, geralmente curto. Se da
interação entre o pensamento e o sentimento
resultar uma
ação que dê continuidade à
reação iniciada pela
emoção, a
preparação do corpo efetuada por ela
continuará
sendo útil e permanecerá ativa, com igual ou
menor
intensidade, enquanto durar o sentimento dela resultante.
Entretanto, se ocorrer a lembrança e vinculação de
experiências emocionais vivenciadas no passado à em
andamento, poderá haver aumento da intensidade da
reação emocional.
A
experiência emocional não é algo restrito ao
momento da ocorrência, mas um processo contínuo ao longo
do tempo. Vivenciados o sentimento e o pensamento decorrentes de um
determinado
estímulo, estes passam a ser automáticamente
associados,
ou seja, quando ocorrer novamente esse pensamento, o sentimento e o
estímulo serão lembrados e, vice-versa, quando
ocorrer
novamente o estímulo o sentimento e o pensamento
serão lembrados.
Por economia de energia (evitar uma preparação
corporal
inútil) e para evitar que o ser humano tenha um desgaste
emocional desnecessário (dando continuidade à
emoção mesmo quando o estímulo
já
não estiver presente), o sentimento capta apenas parte dos
detalhes da reação corporal ocorrida na
emoção - a necessária para o processo
decisório.
Da mesma forma que a lembrança do fato não
é uma
reprodução fiel dele, pois nem tudo foi captado
pela
mente racional, a lembrança do sentimento não
é
uma repetição da emoção,
pois o sentimento
captou apenas parte dela. A lembrança do sentimento provoca
reações corporais similares às dele,
mas esta
similaridade tende a diminuir com o passar do tempo, pois, da mesma
forma que as lembranças da mente racional, as da mente
emocional
enfraquecem com o passar do tempo caso não sejam evocadas
frequentemente, embora as alterações promovidas
na
emoção permaneçam.
O estímulo típico para a emoção que
dá origem ao sentimento é aquele externo à mente,
mas o pensamento também pode gerar um sentimento (uma
reacão emocional incompleta), o que dá ao ser humano a
faculdade de se preparar para situações que ainda
não ocorreram, mas cuja ocorrência seja provável, o
que favorece a sobrevivência e a evolução. Esta
possibilidade cria uma situação
atípica (o
pensamento poderá existir simultâneamente com a
reação emocional que dará origem ao
sentimento que
lhe será vinculado), o que influirá nas
características das reações corporais
da seguinte
maneira: quanto mais provável parecer à mente a
ocorrência do fato e quanto mais próxima e
significativa a
sua ocorrência, maior e mais completa a
reação
emocional. Quando o estímulo gerado pelo pensamento for
fraco, a
mente perceberá que não se trata de um
estímulo
real e a reação corporal será fraca e
terá
apenas as características relativas ao sentimento
(não
haverá a preparação do corpo para a
reação), mas quando, embora deduzido pelo
pensamento, o
estímulo parecer relacionado a algo real,
próximo,
iminente e significativo, a reação pode ser
equivalente
à da emoção. No teatro, para que o
ator tenha uma
emoção completa ele precisa "convencer" a sua
mente de
que a situação representada no palco é
real. No
cinema, quanto mais absorvida/envolvida pelo filme estiver a
platéia, mais completa será a
reação emocional.
Uma vez captados pela mente, os fatos e os sentimentos a eles
vinculados podem ser lembrados/evocados para alimentarem a processo
decisório. Verifica-se, portanto, que o pensamento pode
reavivar
o sentimento vinculado a ele. Um pensamento relacionado a coisas boas
que ocorreram tem vinculado a ele o sentimento de alegria.
Para uma determinada circunstância, o indivíduo
pode
sentir mais de uma emoção simultaneamente e o
sentimento
resultante da mistura de emoções pode ter outra
denominação: culpa, vergonha, inveja,
ciúme, etc. Para
entender o sentimento decorrente de mais de uma
emoção
é preciso desconstituí-lo em suas
parcelas
originais, decorrentes diretamente de cada uma das
emoções, bem como descobrir os pensamentos
associados.
O sentimento que sucede a emoção é sempre de mesmo
tipo (ex.: a emoção do medo é sucedida pelo
sentimento de medo), mas pode aparentar ser de tipo
diferente (ex.: a emoção do medo pode aparentar
ser
sucedida pelo sentimento de raiva). Na aparente sucessão da
emoção por outro tipo de sentimento, o sentimento
de
mesmo tipo não é eliminado, mas ocorre uma
mudança
automática do tipo em função de
aprendizados
anteriores, minimizando/inibindo/ocultando a expressão do
sentimento de mesmo tipo (ex.: se a pessoa, em
função de
experiências anteriores, aprendeu que a expressão
do medo
a coloca em situação desfavorável no
meio onde
vive, ela aprende a evitar a sua expressão e naturalmente o
substitui por outro sentimento mais apropriado, geralmente a raiva - a
raiva por sentir o medo, um obstáculo que a deixa em
desvantagem).
O sentimento e o pensamento mais adequados variam com a
circunstância e de um indivíduo para outro. Cabe
à
pessoa descobrir o que é mais adequado ao seu processo
evolutivo, o que a leva a evoluir com mais felicidade.