roberto pompeu de toledo e a felicidade

No texto intitulado "Será a felicidade necessária?", o jornalista Roberto Pompeu de Toledo disse:

"Felicidade é uma palavra pesada. Alegria é leve, mas felicidade é pesada. Diante da pergunta "Você é feliz?", dois fardos são lançados às costas do inquirido. O primeiro é procurar uma definição para felicidade, o que equivale a rastrear uma escala que pode ir da simples satisfação de gozar de boa saúde até a conquista da bem-aventurança. O segundo é examinar-se, em busca de uma resposta. Nesse processo, depara-se com armadilhas. Caso se tenha ganhado um aumento no emprego no dia anterior, o mundo parecerá belo e justo; caso se esteja com dor de dente, parecerá feio e perverso. Mas a dor de dente vai passar, assim como a euforia pelo aumento de salário, e se há algo imprescindível, na difícil conceituação de felicidade, é o caráter de permanência. Uma resposta consequente exige colocar na balança a experiência passada, o estado presente e a expectativa futura. Dá trabalho, e a conclusão pode não ser clara.

Os pais de hoje costumam dizer que importante é que os filhos sejam felizes. É uma tendência que se impôs ao influxo das teses libertárias dos anos 1960.

É irrelevante que entrem na faculdade, que ganhem muito ou pouco dinheiro, que sejam bem-sucedidos na profissão. O que espero, eis a resposta correta, é que sejam felizes. Ora, felicidade é coisa grandiosa. É esperar, no mínimo, que o filho sinta prazer nas pequenas coisas da vida. Se não for suficiente, que consiga cumprir todos os desejos e ambições que venha a abrigar. Se ainda for pouco, que atinja o enlevo místico dos santos. Não dá para preencher caderno de encargos mais cruel para a pobre criança."

Para ver o texto na íntegra, acesse:

http://veja.abril.com.br/240310/sera-felicidade-necessaria-p-142.shtml

Em  artigo anterior, intitulado O país do "tudo bem", o jornalista disse: 

"O hábito de as pessoas se cumprimentarem dizendo "como vai?" ocupa breve trecho de um curioso livro lançado recentemente no Brasil, A Euforia Perpétua, do francês Pascal Bruckner (Difel). O livro é sobre esta praga do nosso tempo que é impor a cada um, como máximo padrão de realização, o dever de ser feliz. "Sejam felizes", desejam os pais aos filhos. Mas... Como ser feliz? Como saber o que é ser feliz? Como saber se somos felizes? Qual o critério? A obsessão por esse impossível graal, essa miragem chamada felicidade, impõe um peso difícil de suportar. Mas todos apregoam que ser feliz é o que importa, e de medo de não ser, ou parecer que não se é, responde-se ao cumprimento do amigo recitando: "Vou bem". No máximo, quando a situação do inquirido é incontornavelmente má, seja por um sofrimento físico, às vezes até evidente na aparência, seja por um sofrimento moral, como a morte de um próximo, se dirá: "Vou indo". Ou, então: "Mais ou menos"."

Para ver o texto na íntegra, acesse:

http://veja.abril.com.br/021002/pompeu.html