erich fromm planejamento humanista
Sobre planejamento, o psicanalista Erich Fromm escreveu no livro A Revolução da Esperança:
-
... quero repetir que todo planejamento é dirigido por juízos de valor e por normas, quer os planejadores estejam cientes disso ou não. Isto também é válido para todo planejamento de computador: tanto a seleção de fatos com que o computador é alimentado como a programação subentendem juízos de valor. Se quero maximizar a produção econômica, meus fatos bem como a minha programação diferem do que seriam se eu quisesse maximizar o bem-estar humano, em termos de alegria, interesse no trabalho, etc. No segundo caso, outros fatos são considerados e o programa é diferente.
-
Quaisquer que sejam os méritos da fonte de validade das normas humanistas, a meta geral de uma sociedade industrial humanizada pode ser definida da seguinte maneira: a mudança da vida social, econômica e cultural da nossa sociedade de maneira tal que estimule e intensifique o crescimento e a vivência do homem em vez de incapacitá-lo, que ative o indivíduo em lugar de torná-lo passivo e receptivo, que nossas capacidades tecnológicas sirvam ao crescimento do homem. Para que seja assim, devemos recuperar o controle do sistema econômico e social; a vontade do homem, orientada pela sua razão e pelo seu desejo de vivência ótima, deve tomar as decisões.
-
Os valores que determinam a seleção de fatos e influenciam a programação do computador devem ser obtidos com base no conhecimento da natureza humana, suas várias manifestações possíveis, suas formas ótimas de desenvolvimento e as necessidades reais que contribuem para esse desenvolvimento. Quer dizer, o homem, e não a técnica, deve ser a fonte básica de valores; o desenvolvimento humano ótimo e não a produção máxima deve ser o critério para todo planejamento.
-
No nível do planejamento governamental, os interesses pessoais do político muitas vezes interferem em sua integridade e, por conseguinte, em sua capacidade para um planejamento humanista.