destino

Na decisão habitual, onde a consciência chega, o hábito já esteve. Quando a pessoa conhece o momento, ele já é passado, e ela atuou nele como de hábito. Viver é conhecer, e não apenas existir. Viver o momento implica em ter consciência do momento passado, onde a pessoa apenas existiu, o que requer foco, atenção plena.

Apenas quando a REALIDADE flui lentamente, calmamente, sem obstáculos e de forma previsível, o indivíduo tem a oportunidade de mudar um fato conscientemente, ou seja, de tomar a iniciativa de agir em desacordo com o reação hábitual com o fato ainda em andamento. Quando, com o passar do tempo (e dos momentos), o impulso mantém as suas características principais é que ele tem a oportunidade de agir de forma consciente e tempestiva, de ser proativo.

Na primeira infância, sem consciência e razão desenvolvidas, e totalmente dependente, a criança desenvolve seus hábitos em função do meio, ela apenas existe; ela é moldada pela família, pela sociedade, pelos meios de comunicação, e outros, o que favorece a sobrevivência, mas induz a uma forma de ser-no-mundo que tende a ter muito de incompatível com a essência do indivíduo. Estar-no-mundo é ser moldado pelas circunstâncias; ser-no-mundo é construir-se apesar das circunstâncias, é construir-se de acordo com a essência, é estar em harmonia com o Universo mas não submetido a ele.

Destino é estar no mundo conforme moldado.  Ter um destino é estar condenado a reagir da forma habitual aos estímulos internos/externos, é não ter possibilidade e/ou capacidade de mudar o futuro por vontade própria, é existir como se fosse apenas mais uma engrenagem no Universo, é ser totalmente previsível. Quando, já na fase adulta, a pessoa continua apenas existindo como criança, ela dá continuidade ao destino. O homem existe de acordo com seus hábitos, mas viver requer mais que isso; viver importa em ser o artífice, o criador de seus hábitos, em se autoconstruir.

Para mudar o destino, é preciso mudar o ser-no-mundo, mudar a forma de pensar, sentir e reagir, mediante uso do livre-arbítrio. Uma mudança de hábito fruto do destino é parte do destino, muda o eu mas não muda o destino. Hábitos são frutos de emoções e pensamentos repetitivos, que normalmente foram criados de forma progressiva e somente podem ser mudados de forma progressiva e, para tanto, é preciso  intenção, oportunidade e determinação. A partir do momento no qual a pessoa adquire a convicção de que um e/ou outro não estão adequados e assume o propósito de mudá-lo o hábito começa a se transformar. Em regra, por não ter o tempo necessário, no momento do fato a pessoa age/reage da forma habitual ou como planejado/pensado. Portanto, a mudança do hábito ocorre na realidade entre fatos semelhantes (e com mesmo impulso), quando a pessoa, em função da análise do resultado, planeja como agir de forma diferente da próxima vez. Sempre que a pessoa vivenciar e/ou relembrar o fato e analisá-lo, e planejar/visualisar a reação adequada, os pensamentos e sentimentos resultantes promoverão uma mudança no hábito; mas é preciso pensamentos e sentimentos corretos para promover mudanças corretas.