amor construído

Com o desenvolvimento da razão/conhecimento, instala-se o processo decisório e a ação passa a ser fruto da razão e da emoção. Consequentemente, toda emoção (inclusive o amor) só mantém sua eficácia quando corroborada pela razão. A emoção cuja razão a contrarie tende a se tornar inócua ou pouco eficaz no tocante ao comportamento que vem após ela, pois tende a não ser definidora da ação, embora gere alterações de humor. A pessoa pode sentir amor e não exercer qualquer ação em função disso. Para que o amor seja eficaz (ou mantenha sua eficácia) ele precisa ser corroborado/confirmado/reforçado pela razão, ou pelo menos não ser contrariado/contestado por ela.

Quando a reação amorosa vem primeiro geralmente ocorre o seguinte processo:

  1. Reação emocional - amor;
  2. Pensamento - analisa a experiência do outro e a associa a uma própria e/ou imagina o que estaria sentindo se estivesse no lugar do Outro;
  3. O pensamento leva à identificação com o Outro;
  4. Continuidade da reação amorosa - ação de ajuda ao Outro.

Quando não há a identificação com o Outro o amor tende a ser inconsequente, a não ser determinante na ação que dá continuidade à emoção.

Amar é se dar incondicionalmente a alguém (ou a algum ser vivo), sem exigência de qualquer retribuição, simplesmente pelo prazer/satisfação decorrente dessa atitude. Entretanto, uma vez ocorrida a reação emocional do amor, a sua eficácia (o se dar incondicionalmente) depende de uma decisão. A eficácia do amor é condicionada; e sem ela não há a satisfação da necessidade de Amar. Quanto mais evoluída for a pessoa, maior será a alteração do humor quando a razão contrariar o amor e não houver uma ação compatível/coerente com a emoção. A pessoa pode ignorar ou até substituir a emoção amor por outra para não dar continuidade ao sentimento, mas a necessidade permanecerá insatisfeita, o que gerará uma emoção negativa.

A razão cria condições para que o amor espontâneo seja eficaz, mas, por outro lado, também pode criar condições para que o amor floresça. Quando o pensamento vem primeiro geralmente ocorre o seguinte processo:

  1. Pensamento - analisa a experiência do outro e a associa a uma própria e/ou imagina o que estaria sentindo se estivesse no lugar do Outro;
  2. O pensamento leva à identificação com o Outro;
  3. Reação emocional possível - amor;
  4. Continuidade da reação amorosa - ação de ajuda ao Outro.

A identidicação com o outro aliada à necessidade de Amar cria condições para o florescimento/desenvolvimento do Amor ao Outro.

Atualmente, o amor tende a ser eficaz apenas quando construído, pois ou é fruto do razão (construído anteriormente - conhecer, compreender e aceitar para amar) ou é fruto da emoção e precisa ser ratificado pela razão (construído posteriormente - conhecer e compreender para aceitar). "Conhecer para compreender, compreender para aceitar e aceitar para amar" é a maneira normal da razão se relacionar com o amor, mas uma pessoa sem conhecimento suficiente para percorrer este ciclo não está impedida de satisfazer a sua necessidade de Amar, pois ela pode conseguí-lo mediante crenças que valorizem a emoção, ou seja, ela precisa acreditar que o amor é sempre bom e que o Outro é incondicionalmente digno de aceitação e amor. Neste caso, a ação amorosa que dá continuidade à reação amorosa tende a se tornar um hábito. As mães, por exemplo, tendem a acreditar que seus filhos são incondicionalmente dignos de aceitação e amor e que seu amor por eles é um sentimento bom/adequado.

Com a evolução, o amor ganhará (e a razão perderá) força/influência no processo decisório e a aceitação e o amor incondicionais passarão a ser regra nos relacionamentos, ou seja, não haverá mais razão com força suficiente para contrariar/contestar o amor e nem se precisará dela para que ele floresça e seja eficaz.