a morte

A existência da morte (e da reencarnação) possibilita a evolução com felicidade; sem elas, uma e/ou outra ficaria(m) prejudicada(s)/impossi- bilitada(s).

A capacidade/possibilidade de evolução é limitada pelo contexto e pelos hábitos. Mantido o contexto, os hábitos induzem à repetição dos mesmos comportamentos aos longo do tempo, o que dificulta a evolução. Se o ser humano vivesse para sempre em um mesmo contexto ele tenderia a perpetuar os seus hábitos (e, consequentemente, as suas alegrias e sofrimentos), o que resultaria em uma evolução cada vez mais reduzida com o passar do tempo. A morte/reencarnação possibilita o retorno/renascimento para uma evolução em outro contexto, com a formação de novos hábitos. Ela propicia o real  recomeço (pela perfeição no nascimento), o que evita que o ser humano se perpetue no erro e dá a ele uma nova oportunidade de evolução em outras circunstâncias.

A morte/reencarnação é necessária para que cada indivíduo tenha todos os tipos de oportunidades necessários à evolução de suas diferentes qualidades, pois é impossível vivenciar todas as situações possíveis e necessárias à evolução em uma única vida e se mantendo a mesma pessoa. Ela possibilita uma vida nova, novos contextos, novas oportunidades de aprendizado e de evolução para todos.

Como o ser humano busca evoluir com felicidade, o livre arbítrio não seria suficiente para promover a evolução se não houvesse a morte, visto que ela (aliada ao renascimento) possibilita a vivência de oportunidades/situações que não seria possível apenas em função do livre-arbítrio. O ser humano foi criado para evoluir com felicidade - por princípio, ele busca o prazer e a alegria e evita a dor, a tristeza, o medo e a raiva. Se não houvesse a morte/renascimento a pessoa teria que periodicamente abandonar a tudo e/ou a todos e recomeçar a vida do zero para vivenciar novas experiências, o que contrariaria a sua tendência natural de preservar as condições que a satisfaçam. Esta mudança radical seria algo equivalente a morrer por vontade própria, o que geraria maiores sofrimentos do que a morte natural, e não seria suficiente, pois a pessoa não poderia abdicar de suas qualidades pessoais inatas ou adquiridas (físicas ou instintivas, valores, conhecimento, etc.). No renascimento, a pessoa mantém a intuição, mas se desenvolve com outro instinto, novas condições físicas, novos relacionamentos, novos valores, novos conhecimentos, etc. Sem a morte e o renascimento a evolução teria que ser baseada no sofrimento, pois enquanto as dificuldades induzem à luta (criam oportunidades para a evolução), a felicidade pode induzir à acomodação, a deixar tudo como está, o que prejudicaria/impossibilitaria a evolução continuada. Como a morte existe, o ser humano pode se dar ao luxo de ser feliz. Ele pode se limitar a vencer os obstáculos/desafios que a vida lhe apresenta naturalmente, não precisa criá-los, pois terá outras vidas para vencer outros obstáculos/desafios.

Buscar acelerar a evolução pelo sofrimento é o equivalente a querer chegar mais rápido a um porto inexistente, pois o homem nunca será perfeito (só Deus o é). É desperdiçar uma vida (não sendo feliz), buscando facilidades para ser feliz na próxima. Buscar a morte é levar/transferir dificuldades para próxima vida, pois a evolução é uma facilidade na busca da felicidade. Cada renascimento é uma oportunidade única de evolução que nunca se repetirá nas suas inúmeras peculiaridades, e que precisa ser aproveitada.

O instinto clama pela sobrevivência; a intuição pela evolução. É preciso sobreviver para evoluir. Entretanto, com o passar do tempo, a sobrevivência tende a se tornar desfavorável à evolução, o aprendizado fica muito reduzido, e faz-se necessário o renascimento, o que só é possível através da morte.

A morte é necessária. Ela existe para que possamos cumprir com felicidade o nosso destino: evoluir.