abraham maslow e a essência
No livro "Introdução à psicologia do ser", o psicólogo Abraham Maslow escreveu:
"Está surgindo agora no horizonte uma nova concepção de doença humana e de saúde humana, uma Psicologia que acho tão emocionante e tão cheia de maravilhosas possibilidades que cedi à tentação de apresentá-la publicamente, mesmo antes de ser verificada e confirmada, e antes de poder ser denominada conhecimento científico idôneo.
Os pressupostos básicos desse ponto de vista são:
- Cada um de nós tem uma natureza interna essencial, biologicamente alicerçada, a qual é, em certa medida, “natural”, intrínseca, dada e, num certo sentido limitado, invariável ou, pelo menos, invariante.
- natureza interna de cada pessoa é, em parte, singularmente sua e, em parte, universal na espécie.
- É possível estudar cientificamente essa natureza interna e descobrir a sua constituição (não inventar, mas descobrir).
- Essa natureza interna, até onde nos é dado saber hoje, parece não ser intrinsecamente, ou primordialmente, ou necessariamente, má. As necessidades básicas (de vida, de segurança, de filiação e de afeição, de respeito e de dignidade pessoal, e de individuação ou autonomia), as emoções humanas básicas e as capacidades humanas básicas são, ao que parece, neutras, pré-morais ou positiva-mente “boas”. A destrutividade, o sadismo, a crueldade, a premeditação malévola etc. parecem não ser intrínsecos, mas, antes, constituiriam reações violentas contra a frustração das nossas necessidades, emoções e capacidades intrínsecas. A cólera, em si mesma, não é má, nem o medo, a indolência ou até a ignorância. É claro, podem levar (e levam) a um comportamento maligno, mas não forçosamente. Esse resultado não é intrinsecamente necessário. A natureza humana está muito longe de ser tão má quanto se pensava. De fato, pode-se dizer que as possibilidades da natureza humana têm sido, habitualmente, depreciadas.
- Como essa natureza humana é boa ou neutra, e não má, é preferível expressá-la e encorajá-la, em vez de a suprimir. Se lhe permitirmos que guie a nossa vida, cresceremos sadios, fecundos e felizes.
- Se esse núcleo essencial da pessoa for negado ou suprimido, ela adoece, por vezes de maneira óbvia, outras vezes de uma forma sutil, às vezes imediatamente, algumas vezes mais tarde.
- Essa natureza interna não é forte, preponderante e inconfundível, como os instintos dos animais. É frágil, delicada, sutil e facilmente vencida pelo hábito, a pressão cultural e as atitudes errôneas em relação a ela.
- Ainda que frágil, raramente desaparece na pessoa normal — talvez nem desapareça na pessoa doente. Ainda que negada, persiste subjacente e para sempre, pressionando no sentido da individuação.
- Seja como for, essas conclusões devem ser todas articuladas com a necessidade de disciplina, privação, frustração, dor e tragédia. Na medida em que essas experiências revelam, estimulam e satisfazem à nossa natureza interna, elas são experiências desejáveis. Está cada vez mais claro que essas experiências têm algo a ver com um sentido de realização e de robustez do ego; e, portanto, com o sentido de salutar amor-próprio e autoconfiança. A pessoa que não conquistou, não resistiu e não superou continua duvidando de que possa consegui-lo. Isso é certo não só a respeito dos perigos externos; também é válido para a capacidade de controlar e de protelar os próprios impulsos e, portanto, para não ter medo deles.
....................................................................................................................
Quanto mais aprendemos sobre as tendências naturais do homem, mais fácil será dizer-lhe como ser bom, como ser feliz, como ser fecundo, como respeitar-se a si próprio, como amar, como preencher as suas mais altas potencialidades.
........................................................................................................................................................
Talvez estejamos aptos em breve a usar como nosso guia e modelo o ser
humano plenamente desenvolvido e realizado, aquele em que todas as suas
potencialidades estão atingindo o pleno desenvolvimento, aquele cuja
natureza íntima se expressa livremente, em vez de ser pervertida,
desvirtuada, suprimida ou negada."