a felicidade não tem contraindicação



Estudos foram e continuam sendo feitos no intuito de provar que a felicidade tem o seu lado ruim, que ela não é sempre recomendável e que desejá-la com intensidade pode, inclusive, levar à depressão.

A felicidade está em se sentir em sintonia/harmonia com o mundo, que se está evoluindo na velocidade adequada. Portanto, se as necessidades de Segurança, Liberdade, Ter, Ser e Amar existem para garantir a nossa evolução e sobrevivência, estar em sintonia/harmonia com o mundo é estar satisfeito com o atendimento destas necessidades. A pessoa está feliz quando, em um determinado momento, ela se sente satisfeita com o atendimento de seus desejos (o que inclui as necessidades). A pessoa é feliz quando, da autoavaliação inconsciente de todas as experiências emocionais vividas por ela (carga emocional), resulta um sentimento de satisfação. Pode algo assim ter contraindicação? Não.

A principal causal dos resultados equivocados a que chegam estas pesquisas está em desconsiderar que:

  1. A felicidade e alegria são sentimentos distintos. A alegria é uma emoção positiva fruto de um ganho específico; felicidade é a alegria resultante de todas as experiências emocionais positivas e negativas vividas, imaginadas ou evocadas pela pessoa durante toda sua vida. A alegria é momentânea; a felicidade é continuada. Tanto a pessoa feliz quanto a infeliz podem sentir alegria, e quando a alegria do momento supera a infelicidade em intensidade a pessoa tem um instante de felicidade. Como regra, a alegria tem causas identificáveis (impulso consciente), ao passo que a felicidade tem impulsos inconscientes.

  2. A alegria pode ser fruto da satisfação de qualquer desejo, mas a felicidade só pode advir da satisfação de desejos vinculados à necessidades. Consequentemente, a busca da alegria não leva necessariamente à felicidade (ou a um aumento da felicidade), pois apenas os ganhos vinculados à satisfação de necessidades tem este poder.

  3. A felicidade não é um emoção adaptativa, ela é fruto da adaptação. Se a pessoa é feliz, conclui-se que ela esteja bem adaptada ao meio em que vive, que ela se adaptou a ele respeitando sua essência, e que, de maneira geral e sob a ótica dela, ela vem sistematicamente obtendo o melhor resultado. Nem sempre o melhor para a sobrevivência o é para a evolução, e vice-versa. Quanto mais feliz e mais evoluída for a pessoa, menos adequada ela é para ações onde se exija que não se considere os interesses dos outros; o que não implica que ela não esteja adaptada ao mundo. Querer que em uma determinada situação uma atitude/reação seja a mais adequada para todo e qualquer indivíduo é desconhecer o objetivo/sentido da vida humana.

  4. Pessoas felizes não são propensas a emoções/reações extremadas. A euforia não é uma evidência de felicidade, pois da totalidade de uma vida consciente nunca resultará a euforia.

  5. Ser feliz não implica em não ter emoções negativas. O ser humano é perfeito; as emoções negativas são necessárias, pois há situações em que são mais úteis/adequadas que as positivas. Ser feliz implica apenas em um balanço positivo das emoções ao longo do tempo.

Tal como para qualquer outro objetivo, para buscar e atingir a felicidade é preciso saber o que ela é e como fazê-lo. Se, por ignorância do que é felicidade e/ou como obtê-la, a pessoa dá a um determinado ganho/alegria uma importância/poder que ele não tem, o resultado esperado é a decepção. Querer algo que não se sabe o que é e/ou como obter e/ou que não está ao alcance da pessoa, é fomentar a insatisfação, é buscar a infelicidade. Ter esperanças e expectativas equivocadas é buscar a felicidade por meios que não estão ao alcance da pessoa, e nestas circunstâncias quem busca ser feliz acaba por ficar mais infeliz do que se não tivesse buscado. A obtenção da felicidade (ser feliz) só pode ser feita mediante um processo sustentado/progressivo de obtenção de resultados positivos, o que requer tempo - a pressa tende a levar ao fracasso.

A ignorância do que é felicidade e como alcançá-la, o pouco conhecimento de si e a inaceitação da realidade (de limites) - esta é a verdadeira causa da infelicidade da maioria das pessoas.

Buscar ser feliz é buscar satisfazer necessidades, não é uma opção, é o destino do ser humano, e portanto não tem contraindicação.

http://www.pavablog.com/a-felicidade-e-deprimente

https://www.ocf.berkeley.edu/Desperately_Seeking_Happiness

https://www.ocf.berkeley.edu/Pursuit_of_Positive_Emotion

https://www.ocf.berkeley.edu/Dark_Side_of_Happiness